2009-12-13

Voltámos!

Cá estamos de novo, agradecendo as simpáticas palavras dos amigos que pensavam que tínhamos desistido do Paixão dos Sentidos.
Não desistimos, ainda que tivéssemos tentado :)
Faz-nos falta estes bocadinhos em que estamos convosco contando as nossas histórias e lendo as vossas.
Estes últimos tempos têm sido muito difíceis, com imenso trabalho, devido ao afastamento do nosso caseiro que teve que ser sujeito a duas cirurgias, das quais tem vindo a recuperar muito lentamente.
Uma delas foi a uma hérnia, muito frequente nos homens de trabalho rural que se esforçam frequentemente deslocando pesos excessivos sem terem os devidos cuidados.
A outra que nos surpreendeu, pela sua raridade, foi o ter sido operado ao estômago para lhe extraírem um bezoar.
Para aqueles amigos menos informados ou que tenham perdido alguns episódios do Dr. House, um bezoar é uma bola que se forma no estômago (ou nos intestinos) com materiais que não são digeríveis e que não consegue seguir o trajecto normal.
Essa bola vai aumentando com o tempo e provoca incómodo e problemas diversos.
Descobriram o bezoar quando procuravam, por endoscopia, uma possível úlcera que justificasse a anemia e a magreza exagerada do nosso colaborador.
Curiosamente, um dos primeiros conselhos foi o de beber bastante coca-cola para tentar a sua dissolução, o que potenciou a nossa reserva contra o uso e abuso deste refrigerante. Mas o método não resultou neste caso.
Fracassou também a tentativa de o fragmentar e retirar por via endoscópica e por isso avançou-se para a cirurgia que tendo sido pouco invasiva, foi de recuperação muito lenta devido a outros problemas de saúde.
Soubemos depois que este bezoar era formado por fibras que por qualquer razão se foram enrolando, formando um novelo duro e definitivamente impossibilitado de seguir para o intestino.
Esta história fez-nos pensar nos nossos amigos que perseguindo a ideia de hábitos saudáveis, comem quantidades excessivas de fibras e passam o dia a beber garrafas de água.
A mensagem que tentamos passar com este texto, é que devemos consumir fibras, devemos beber água, mas sem excessos. Em caso de dúvida sobre as quantidades a ingerir, nada melhor que pedir conselho ao seu médico.
O caso do nosso caseiro é raro. O mais provável é o bezoar ter surgido devido a anomalias no funcionamento do seu organismo. Mas ainda assim, é preciso estarmos atentos e não nos deixarmos arrastar ingenuamente por correntes que podem estar a mascarar outros interesses.

E agora que já explicámos o que nos tem afastado de escritas e leituras e estando esperançados que as coisas comecem a funcionar normalmente, vamos terminar este post com fotos de uma jovem enregelada que esta manhã se encontrava encostada a um murete.



Estava muito molengona com o frio mas conseguia-se ver que já tinha ingerido o pequeno almoço.


Sabia-lhe bem receber o calor da minha mão...


Poucos minutos depois, mais animadita, já olhava em volta preocupada com a demora das fotografias



Esperemos que tenha conseguido um bom lugar para passar o Inverno e que nos venha surpreender quando chegar a Primavera.


2009-09-15

No fim do verão

Os amigos que mais nos frequentam sabem que o Verão é sempre o período em que menos possibilidades temos de vir até aqui.
Não tivemos tempo de preparar texto nenhum e por isso vamos apenas publicar algumas fotos e fazer alguns comentários sobre animais, plantas e passeios.
A Camila foi esterilizada no mês de Julho, quando fez os 7 meses. Temos tido o cuidado de mandar esterilizar as nossas 4 fêmeas para evitar as lutas quase de morte entre os machos, evitar possíveis descuidos que dêem origem a ninhadas quando não temos hipótese de ficar com as crias e por termos horror de as dar a pessoas que não sabemos se cuidarão delas da mesma forma que cuidamos dos nossos animais, e por sabermos que as cadelas não ficam entristecidas ou amorfas por terem sofrido essa cirurgia. As fêmeas ficam muito ansiosas quando sentem o cio e não conseguem cumprir o chamamento da Natureza. Não o sentindo, ficam calmas e brincalhonas.

Nesta foto vemo-la dentro de casa para ser mais seguida durante a convalescença, vestida com uma t-shirt para proteger o penso (uma vez que não é prático andar com o funil de plástico a embater nos móveis) e sorridente por ter descoberto uma peúga do dono. Está enorme, cheia de força e com uma cabeça de totó o que a leva a só fazer disparates. Um deles foi ter rasgado a pele da pobre Nanã durante uma luta a brincar em que esta tentava ensinar a outra a ser uma boa lutadora. Por ser ainda uma cachorra sem noção do peso e da força que tem, a brincadeira acabou neste resultado, sendo necessária uma intervenção cirúrgica com anestesia geral

Mas felizmente já está boa, continua a sentir que tem obrigação de ensinar a cachorrinha (já que nenhuma das outras fêmeas o faz) e as lutas a brincar continuam, agora com algum cuidado de parte a parte e perante os nossos olhares assustados.
Ainda não tivemos férias mas quando nos parece que o tempo está menos propício a incêndios, damos uma volta mais ou menos aqui por perto. Foi assim que visitámos no dia 23 de Agosto uma pacata aldeia chamada de Urgueira, na Serra do Caramulo, pertencente ao concelho de Águeda, para assistirmos à reconstituição do milagre que deu fama ao local. Segundo nos contaram na própria festa, tudo teve início no séc. XIX, quando um homem daquela terra fez uma promessa à Nossa Senhora da Guia de que mandaria construir um forno onde coubesse uma fornada de pão para toda a gente que dele se abeirasse, assim como uma pequena capela para se venerar a mesma santa, caso regressasse a Portugal depois de ter tido algum sucesso por terras do Brasil onde ia tentar a sua sorte. Como a vida lhe correu bem naquelas terras distantes, mandou construir um forno comunitário e também a ermida. O forno passou a ser utilizado por todos, ardendo por 7 dias e 7 noites para se manter bem quente.

Um dia em que estava a passar a procissão, um velhinho descalço aproximou-se e tirou um cravo do andor, segurou-o com os dentes e entrou no forno afastando as brasas e colocando seu pão a cozer. Saiu depois sem sinais de queimadura e com a flor fresca na boca. As pessoas que iam na procissão ajoelharam-se e rezaram perante tal milagre. Este cena deu origem a uma romaria anual, para verem a repetição da cena até ao momento em que o velhinho deixou de aparecer.
A Associação Etnográfica Os Serranos resolveu revitalizar esta romaria no 3º. domingo de Agosto, a partir de 1996.
Todos os anos põem o forno a aquecer durante 3 dias para estar pronto para a cozedura.
Fazem uma série de fornadas de pão pequeno que são comprados pelos visitantes que gostam de levar um pão milagreiro que afasta os maus olhados e nunca cria bolor.

Depois o momento mais esperado é a cozedura de uma broa que leva 50 quilos de farinha para ser distribuída pelos romeiros, seguido da repetição do “milagre” (sem foto) em que entra um voluntário dentro do forno que deve estar entre os 200 e os 300 graus, para colocar o pão a cozer, com um cravo na boca, vestido com um trajo serrano de borel e com um gorro para proteger o cabelo e as orelhas.

Julgamos que devem praticar muito para saberem controlar uma respiração muito superficial, conseguindo ajustar a flor de forma a proteger as narinas e movimentando-se de cócoras para evitar a camada de ar mais quente. Mas mesmo com todos estes cuidados, é sempre muito impressionante e perigoso.

Da parte da tarde juntam-se vários ranchos folclóricos que actuam sem palco e sem sistema de amplificação, com participação espontânea do público. Os visitantes comem, bebem, dançam e cantam durante toda a tarde. As comidas são tradicionais e não se vêem roulotes de churros e sandes.


Vê-se muita gente vestida com trajos tradicionais o que dá um colorido muito bonito à festa. E é curioso depois de andar pelo meio de centenas e centenas de pessoas, saber que aquela aldeia tem apenas 12 habitantes. Ao pôr-do-sol juntam-se perto do forno todos os ranchos que participaram na festa cantando “É tão linda a minha terra” acompanhados por centenas de vozes que comovidas sentem necessidade de participar num momento tão bonito. Fica aqui a dica para um passeio para o próximo ano em que resolvam viajar para fora… cá dentro.

O Tobias, o faisão prateado, foi viver para a capoeira de um vizinho. Era completamente impossível mantê-lo connosco depois de me ter atacado com as patas, ferindo-me o rosto muito perto do olho esquerdo. Comecei a ter medo de lhe pôr comida e água e por isso resolvemos dá-lo a alguém que o estimasse mesmo com aquele mau-feitio.



Miguel, o robot, fez o seu trabalho assustando os corvos e evitando assim a praga responsável por colheitas muito desfalcadas.

O Milhas andou uns tempos mais calmo, voando pacatamente com a companheira e o filhote. Ultimamente não os temos visto e não sabemos se já estarão de partida para o norte de África.

Quando observamos o estranho comportamento da Mimosa Púdica, ficamos a pensar que sendo as plantas seres vivos, há umas que são “mais vivas” do que outras. Apresentamos um pequeno vídeo para aqueles amigos que não conhecem a reacção desta planta ao toque. Não se preocupem porque torna a ficar normal depois de breves minutos




E para terminarmos este post, vamos falar de umas estranhas salinas.
Ao visitarmos um amigo que vive perto de Rio Maior, este levou-nos a conhecer as salinas de que nunca tínhamos ouvido falar mas que já havia referência à sua existência em documentos no séc. XII
Esta água vem do fundo de uma mina de sal-gema (97,94 de cloreto de sódio) por onde passa um lençol de água doce que acaba por dissolver este sal tornando-se salgado (segundo os entendidos, sete vezes mais do que a água do mar) e brotando de uma nascente que enche o poço 9 metros de profundidade das Marinhas do Sal. Até há bem pouco tempo esta água era retirada por picotas, sendo hoje por motores eléctricos e depois distribuída pelos característicos compartimentos ao ar livre que todos conhecemos e que se chamam de “talhos”.
Para finalizar o processo de secagem, o sal fica uns tempos espalhado em eiras sendo depois transportado para umas curiosas casa de madeira onde fica armazenado e é vendido.
Deixamos aqui uma sucessão de fotos, que falam melhor que nós, retiradas do site http://www.guiadacidade.pt
Marinhas de Sal de Rio Maior «Guia da Cidade» Locais - Santarém - Região de Lisboa

Em breve voltaremos com mais notícias deste canto

2009-07-29

Os Pobrezinhos

Quando eu era menina, aí com os meus 10 anos de idade, tive oportunidade de ter uma experiência fantástica que vou agora partilhar convosco:
Numa manhã fria de Inverno, bateu-nos à porta um homem desgrenhado, mal vestido que vinha pedir uma sopa quente por amor de Deus. Nós também vivíamos com muitas dificuldades mas uma sopa arranjava-se sempre e a minha mãe foi à cozinha e voltou poucos minutos depois com um prato a fumegar que entregou ao homem que balbuciando qualquer coisa, virou-se para a rua e chamou alguém. Reparámos então que era uma pequena família constituída pelo pai, a mãe com uma barriga enorme de grávida e mais duas crianças ranhosas e maltrapilhas. A minha mãe condoeu-se com tanta miséria e preparou pratos de sopa para todos. A família dos pobrezinhos (como ficaram a ser conhecidos) sentou-se nos degraus de madeira do pequeno prédio onde morávamos e comeram ruidosamente.

(Foto oferecida pela Dulce Lázaro para avivar a minha memória)

No final entregaram os pratos quase lambidos, agradeceram e bateram na porta ao lado da nossa vizinha . Não sei o que lhe pediram. O que sei, e que nos fez na altura muita confusão, é que a vizinha mandou-os entrar e dali nunca mais saíram ficando a Pobrezinha a trabalhar dentro de casa e o Pobrezinho a trabalhar fora. Acabámos por nos habituar aos novos vizinhos, vendo as crianças com melhor aspecto e até a frequentarem a escola primária na zona. Mas passados poucos meses, numa bonita tarde de Primavera em que brincava no quintal, percebi uma grande agitação na minha casa e também na dos vizinhos que andavam a correr e a cochichar . Levantei-me precipitadamente para ver o que se passava e percebi palavras como parteira… bebé... e outras que na altura não me davam indicações nenhumas. A minha mãe entrou na cozinha a correr para pôr panelas com água ao lume que na altura eram aquecidas em fogareiros a petróleo e quando entrou na casa da vizinha com a panela de água quente na mão, eu entrei com ela e vi-me num pequeno quarto quase sem luz, onde estava uma cama de casal forrada com folhas de jornais e em cima deles a Pobrezinha de pernas escancaradas, sem cuecas e a gritar. Só então me apercebi que ia nascer o bebé que ela trazia na barriga. A excitação foi tão grande que me quis posicionar nos primeiros lugares da plateia quase competindo com uma mulher que não conhecia mas que percebi pouco depois tratar-se da tal parteira chamada à pressa. A Pobrezinha no intervalo dos gritos reparou na minha presença e certamente na minha cara estupidificada com tudo aquilo e gritou: - Não quero que a Belinha veja! Não quero que a Belinha veja!!! E alguém me empurrou do quarto e me fechou a porta na cara. Mas depois deste aperitivo, já não era possível verem-se livres de mim e, esperando pela oportunidade em que alguém entrasse com mais água ou mais jornais, consegui entrar de novo tendo o cuidado de ficar discretamente encolhida a um canto. Os gritos aumentaram de intensidade e de frequência, ao mesmo tempo que se ouviam os sons espalhafatosos dos puns que nem sequer me deram vontade de rir ao ver que empurravam bocados de cocó castanho que se espalhavam pelos jornais misturando-se com líquidos cor de sangue que borbotavam do pipi com umas dimensões que me deixaram estarrecida... O pequeno quarto cheio de mulherio estava irrespirável de bafos e de cheiros fortes. Após o esforço de um grito mais prolongado vi aparecer uma bola preta na “boca do corpo”, expressão que tinha acabado de aprender ao ouvir uma das vizinhas a falar cerimoniosamente com a parteira. Esta segurou na tal bola e virou-a mudando de posição e depois de mais uns dois ou três berros da mulher, saiu disparada agarrada a um corpo minúsculo que ficou em cima dos jornais praticamente imóvel mas preso por uma tripa ao interior da mãe. Entretanto começou a agitar-se e de repente começou a berrar aflitivamente e todas as mulheres disseram: Bendito seja Deus! A parteira segurou na tal tripa e disse que ainda pulsava e esperou mais uns segundos até achar que o momento já era propício para atar com uma linha que alguém lhe entregou e a seguir cortou com a tesoura da casa, separando a mãe do filho. Todas as mulheres presentes, incluindo eu, seguiam os seus movimentos e explicações com uma atenção desmedida... Depois começou a puxar a tripa devagar até sair um bocado de carne e ali em cima dos jornais abriu-a (lembro-me de ter achado a placenta parecida com uma flor) e disse: Está tudo bem! Duas mulheres lavaram logo o bebé numa tina com água morna, outras enrolaram aqueles jornais cheios de sangue e de fezes e outras trataram de meter a placenta no mesmo balde do lixo. Depois da cama arranjada, a Pobrezinha lavada e vestida com outra camisa e do bebé limpo e agasalhado é que chamaram o marido que entrou envergonhado por estar no meio de tanta mulher e sem saber o que fazer ou dizer. Olhou atarantado para o bebé e a Pobrezinha disse-lhe: É um rapaz! E ele: Ainda bem. O espectáculo daquele nascimento nunca mais me saiu da memória. Muitos anos depois tive a felicidade de ter os meus filhos também. Nasceram nas maternidades do Hospital Particular e do Hospital da Cruz Vermelha em Lisboa, e tanto num caso como noutro, acompanhada pela boa disposição do médico ginecologista que seguiu a gravidez desde o primeiro momento e também pela presença do meu marido que esteve sempre ao meu lado. Nasceram em salas de parto vulgares nos hospitais, não existindo ainda os tais quartos especiais para fazer a mãe esquecer que está num hospital e realmente esqueci-me, completamente entregue áquele momento único. Tive a sorte de serem partos rápidos, normalíssimos e sem uma coisa chamada Epidural. Na altura os bebés não ficavam juntos com a mãe logo após o nascimento. Só os traziam na altura das mamadas podendo a mãe ficar a descansar durante esse curto intervalo. Hoje esta prática foi posta de lado e entende-se que os bébés devem ficar ao lado da mãe desde o primeiro momento para se criarem laços mais fortes entre os dois. Há agora uma corrente defensora daquilo a que chamam de “parto humanizado” (expressão que considero infeliz pela brutalidade com que lança os outros partos para a nebulosidade do desumano) em que acreditam que os ambientes hospitalares e as suas práticas como aqueles onde tive os meus filhos, dão origem a vários traumas e consequentemente a relações dificeis entre mãe e filho no futuro. Mas felizmente connosco tal não aconteceu. Quem nos conhece, sabe que tenho com os meus dois filhos uma relação excelente que nos enche de orgulho, a mim e ao pai. Por isso sou contra a tentativa de convencer as mães para os imensos riscos nas suas opções. Acho que a mãe deve ter acompanhamento médico durante todo o processo da gravidez e que se deve informar devidamente sobre as várias propostas para o acto do nascimento. Mas só ela saberá qual a situação que lhe dará menos preocupações. Por isso pode escolher ter o filho em maternidade hospitalar, com ou sem quarto especial e com o apoio de uma equipa médica ou de o ter em casa assistida ou não por uma parteira experiente. Cada mãe é que sabe em que situação se sentirá mais calma, confortável, acarinhada num momento tão importante como esse em que a Natureza vai permitir que aquele ser especial que vive crescendo no seu interior se liberte para fazer finalmente parte de um mundo que o espera, precisa e conta com ele

2009-07-07

As nossas histórias

Hoje resolvemos vir aqui contar pequenas histórias que vão acontecendo nesta quinta que nunca consegue tornar-se monótona.

Em primeiro lugar mostramos como a Camila cresceu. Está enorme e apenas com 7 meses


Quando há tempos, após uma noite de invernia que tudo encharcou e abanou, vos contámos a impressionante queda e morte do nosso gigantesco cedro, não chegámos a falar de uma ameixeira muito velhinha que tinha tido a mesma má sorte. Mas um acaso permitiu que uma pequena parte da raiz se mantivesse agarrada ao chão, conseguindo retirar um mínimo necessário para manter a pobre árvore com vida. Estamos todos impressionados como é que uma fruteira com a idade dela e completamente deitada por terra, ainda arranjou forças para deixar crescer e amadurecer os seus frutos.

Juntamos aqui esta foto tirada hoje para vos mostrar como as árvores podem ser teimosamente resistentes



E agora a história da Carmen e da Rosa, as nossas faisoas.


Estiveram muito tempo aninhadas, na esperança de ver sair filhotes dos seus ovos escuros. Acontece que o Tobias, o faisão prateado, simplesmente as ignora por serem de raça diferente. Depois de mais de um mês em que insistiam no choco, reparámos que quando se levantavam para comer, caminhavam de uma forma estranha que à distância não dava para perceber o que se estava a passar com elas.
Entrámos na pequena capoeira sujeitos às investidas do Tobias que é uma ave permanentemente de mau humor e ficámos estupefactos com o estado em que tinham as patas



Não sabíamos bem o que fazer mas resolvemos mantê-las presas numa gaiola, num local mais aquecido e todos os dias de manhã e à noite esfregávamos as patas com azeite e obrigávamos a determinados movimentos.

O azeite permitiu que as calosidades horríveis que cobriam completamente as patas se fossem soltando aos poucos...





… e os movimentos forçados permitiram que melhorassem o andar, lentamente

Não ficámos muito entusiasmados porque a Rosa desde que começou a abrir bem uma das patas, passou a recolher a outra junto ao corpo e por isso quando tem necessidade de se movimentar, caminha com uma aberta e outra fechada.



E a Carmen ao começar a caminhar com as duas patas, começou a enrolar um dos dedos e poderá ter de novo problemas



Mas como já estão há mais de um mês metidas nesta pequena gaiola, resolvemos pô-las de novo na capoeira juntamente com um Tobias irritadiço e vamos esperar para ver como é que as coisas evoluem.

A outra história que temos reservada para vós é sobre o Milhas (baptizado pelo
Paulo), o nosso milhafre de estimação.
Há vários anos que nos habituámos à sua companhia aparentemente inofensiva. Mas agora andamos furiosos porque começou a atacar os animais na capoeira... e já levou 9 fracas pequenitas, 1 patinho e um grande número de pintos.
Um destes dias vi-o a querer atacar um dos pombos e mesmo correndo debaixo dele, gritando e atirando pedras, percebi que é de ideias fixas e nem sequer se assustou. Só não apanhou o animal porque este conseguiu esconder-se a tempo.
Resolvemos então mudar de táctica. Se ele estava tão desvairado para alimentar o filhote, então daríamos carne todos os dias para levar para o ninho. E se bem pensámos, melhor fizemos e por isso todos os dias de manhã e à tarde, colocávamos (e colocamos ainda) um bocado de carne crua em cima do telhado da capoeira pequena...



... e que tanto pode ser carne da que compramos para os nossos cães, como algum pequeno animal que encontremos morto.

Numa destas tardes de calor ouvimos uma barulheira no ar e vimos o milhafre e a companheira a voar perto de um passarito pequeno que esvoaçava e gritava aflitivamente.
No início pensámos que seria algum animal prestes a ser apanhado mas depois reparámos que o casal voava em volta do pequenote e percebemos que se tratava do filhote voando de uma forma muito atabalhoada e aos gritos o que nos fazia rir por não sabermos se era de grande entusiasmo pelo voo ou de grande pavor pela altura. Era divertido imaginar que os milhafres nos vinham mostrar a cria e assim justificar o ataque que faziam à capoeira.

O Milhas começou a habituar-se às nossas ofertas passando a sobrevoar-nos em círculos mal saímos de casa com um alguidar na mão


Não percebíamos como é que conseguia apanhar os pintos e patinhos se estes ao menor sinal de alerta dado pelas mães ou por outros animais mais velhos, corriam a esconder-se dentro da capoeira, só ficando cá fora os adultos mais pesados.

Mas depois de algum tempo de observação percebemos a técnica que consiste em se manter imóvel durante muito tempo num ramo de pinheiro até todos os animais se esquecerem dele e os pequenitos começarem a sair do esconderijo.
Depois num voo rapidíssimo consegue apanhar o escolhido, de garras estendidas e logo na primeira investida


Há dias resolvemos tirar uma foto no momento em que ele iria baixar para “caçar” a carne que tínhamos posto à sua disposição. Mas à última da hora resolvemos fazer um vídeo e foi a nossa sorte senão não teríamos nada para vos mostrar.

Para isso escondemo-nos num casinhoto, com a máquina á janela, apontada para o local onde tínhamos posto uns corações de peru.
Vão ver o vídeo com muita atenção porque ele vai recolher a carne que está na ponta esquerda do telhado e mais rápido que um relâmpago. As fracas e os galos estão a dar o alerta da sua aproximação.


O video fica aqui muito diminuto o que é uma pena mas mesmo maior também tivemos que passar várias vezes para tentar vê-lo!



E em breve voltaremos com mais historias

2009-06-14

A Amizade na Blogosfera

O Paixão dos Sentidos embora seja escrito apenas por mim, tem o imenso contributo de todas as pessoas que vivem ou trabalham comigo. Quando não estou em condições de escrever, quando perco esta vontade de vir aqui ao fim do dia para vos contar uma ou outra história que nos tocou, ele pára mesmo.
Este fim de semana antecedido por feriados, serviu para uma grande reflexão sobre a relação das pessoas e a amizade em todas as suas nuances que a Internet pode proporcionar.
Pensámos na quantidade de amigos tão queridos que nos foram contactando desde que há 3 anos demos vida a este blog, e que apenas conhecemos através da sua escrita, ou nos comentários ou nos mails que nos fazem chegar com alguma frequência. Alguns até com ideia aproximada de como são, pelas fotos que igualmente nos enviam.
Pensámos na quantidade de amigos tão especiais que conhecemos já pessoalmente graças a esta permanente troca de ideias: o Ezequiel, a Dulce, o Américo Rodrigues, o Americo Jorge, o Armando Lopes, o Luis Barros, o Rodrigo Lazcano, a Nuria, o Joaquim Santos, o Carlos Gonçalves, o Alberto Alves, o Miguel Ângelo, o Sílvio Leiria...
Pensámos nos tupinambos que finalmente crescem na horta graças à simpatia da Elsa Gonçalves e da Caryn, na série de vasos com arvorezinhas tropicais e ervas aromáticas oferecidas pelo Filipe, no “jardim do Augusto”, que é como baptizámos um espaço repleto de vasos com as plantas mais diversas que nos tem chegado através dele, assim como uma série de apetrechos de jardinagem.
E o Mário que depois nos ter convidado este fim de semana para visitarmos a sua casa em Benavente, tinha à nossa espera uma série de pequenos inventos muito úteis feitos por ele, mais uma máquina de lavar roupa que deixou de lavar para ter uma jante de mota soldada ao motor de centrifugação, permitindo assim o movimento de um cabo de aço entre esta jante e uma outra colocada num local distante com o intuito que esse cabo ao girar e levando uma série de fitas coloridas penduradas, pudesse espantar a passarada que tem vindo a dizimar as nossas plantações. E ainda o surpreendente Robot-Miguel, espantalho curiosíssimo, que possivelmente nem sequer irá para o campo espantar os corvos, tal é o carinho que sentimos por ele para não o expôr ao desgaste das intempéries e que, muito sinceramente, nem soubemos arranjar palavras para expressar o nosso agradecimento ao Mário por tamanha oferta.


Por todas estas manifestações de tanto carinho e amizade, resolvemos não publicar o texto já alinhavado para o encerramento definitivo deste blog. Em sua substituição publicamos este, acompanhado de um fortísssimo abraço a todos aqueles que nos estão a ler neste momento.
E vamos seguir em frente. Obrigada a todos!


2009-04-30

Perdendo pedaços de mim...

Foi com estupefacção que tive conhecimento da tua morte através do curto mail enviado pela tua companheira que nunca conheci. Ficava assim esclarecido o teu silêncio nestes últimos meses, a falta de resposta aos meus telefonemas, a ausência das palavras amigas no dia do meu aniversário.

Fechei os olhos e as recordações foram emergindo...

A primeira vez que nos vimos foi num treino de judo em Almada. Eras iniciado e o mestre escolheu-me para tua parceira avisando-me para começar no chão. Ensinei-te a posição do Hon-kesa-gatame. Deitaste-te de barriga para cima e eu sentei-me ao lado com as costas juntas ao teu corpo, pernas afastadas à frente, passei o meu braço em volta do teu pescoço, encostei a minha cabeça à tua e disse-te: - Agora vê se sais daí! E tu esperneavas, tentavas virar-te, davas esticões com o corpo e não conseguias sair da imobilização. De repente tive a ideia de te surpreender com um nami-juji-jime. Deslizando sobre ti, sentei-me sobre o teu tronco, de joelhos no chão e apertando-te com as coxas meti as mãos no gola do teu quimono, apertei de forma a bloquear ligeiramente as carótidas e disse-te: - Agora não vais conseguir sair daí. Bate com a mão no chão! E tu com voz sumida: - Para quê? -Para dizeres que desistes! -Não desisto! Mas que bruta!! E eu apertei um pouco mais: -Bate!! - Não bato!! E o grito do mestre: Soremade!! Larguei-te logo. O mestre a correr para nós: - Mas que disparate é esse, ó Ana?!! Nunca senti o tal espírito de judoca que o mestre apregoava e não gostava de estar a ensinar novatos. Mas mais tarde quando o mestre gritava “Randori!” e os novatos podiam escolher os graduados com que queriam lutar, quando levantava os olhos depois de ter ajeitado o quimono e o cinto, já sabia que te ia ter à minha frente de sorriso espalhado no rosto, fazendo a saudação e caminhando decidido para mim dando início ao combate e não permitindo a repetição daquele primeiro dia.

... a pulseira em aço batido, feita por ti e que usei durante anos para te manter junto a mim...

No alto das escarpas da Fonte da Telha, deitados sobre as ervas secas, observávamos as nuvens que deslizavam suavemente fundindo-se umas nas outras. - Aquela ali é um cavalo! – dizias tu de dedo espetado para o céu - Está a transformar-se... olha agora é um barco... estás a ver? E eu acenava que sim -E agora... espera... espera... ah, agora é um pássaro, viste? - E que pássaro? –perguntava eu - Deixa-me ver bem... é um tentilhão! E soltávamos gargalhadas adolescentes que voavam ligeiras em direcção ao mar -Diz-me mais nomes de pássaros… - Milheiras…. felosas… piscos… cachapins…. sabes que passarinho é este que está a cantar? - Um melro! - Oh não! Ainda não aprendeu a reconhecer o rouxinol? E de novo as gargalhadas esvoaçavam sobre nós até se sumirem levadas pela brisa

... as pardelhas que procuravas só para me fazer feliz...

Teste de tuberculina positivo. O médico ligou o radioscópio e quis que eu visse a sombra que se espalhava sobre o teu pulmão. Depois de um abraço carregado de medos, partiste para as terras quentes do teu Alentejo, donde regressaste depois de uma eternidade, mais forte... mais homem

... o pequeno tear que construíste para eu aprender a tecer com junco...

Numa manhã fria e chuvosa, aguardavas a minha passagem meio escondido debaixo de um toldo escuro. O cabelo desgrenhado e a barba escura no teu rosto gelado de lábios arroxeados eram estranhos aos olhos incendiados pela alegria de me ver aparecer. O teu corpo tremia e receei que desmaiasses ali, sem saber o que sentias e o que pretendias. Sentámo-nos à mesa de uma pastelaria e pedimos bebidas quentes. Não disseste nada e eu também não. Pegaste nas minhas mãos e depuseste um beijo morno. Levantaste-te e partiste

...os cestos miniatura que concebias para eu aprender cestaria...

Os teus olhos baixaram comovidos sobre a mesa quando coloquei no teu pulso a minha velha pulseira de prata. Ao nosso lado, a empregada varria o chão atirando para a frente beatas, pacotinhos de açúcar, guardanapos, caricas… - É para usar sempre? - perguntaste. E o rosto iluminou-se com o teu sorriso lindo quando te disse que sim

...os órfãos ouricinhos cacheiros para eu acabar de criar...

Parados no cais com os olhos afundados no Tejo, disseste: - Gostava de fazer uma viagem no meu barco, sem tempo, nem destino. Queres vir comigo? Só os dois? Fixei os teus olhos fundos que se prenderam nos meus numa carícia entristecida e senti no teu abraço quente, um pedido de desculpa.

... a tua insistência para eu reparar na beleza das flores minúsculas que espreitavam dos prados...

Estendidos sobre a relva, olhávamos para uma joaninha que hesitava caminhar sobre a tua mão ou a minha. Preferiu a tua e acelerada trepou o dedo que mantinhas espetado. Com as cabeças juntas cantarolámos baixinho: - Joaninha, avoa.. avoa… E ela abrindo as asas partiu esvoacejando, tal como tu fizeste recentemente levando contigo uma parte de mim que nunca mais irei recuperar.

Post Scriptum: Em Outubro de 2006 num texto que publiquei aqui com o nome “As saudades de um amigo”, terminaste deste modo o teu comentário “Ainda assim tomara que alguém escreva um texto tão bonito quando eu morrer como o que escreveste sobre o Thor”

Sinto uma tristeza imensa por não ter conseguido escrever à altura do que mereces, Fernando. Mas deixo aqui expresso o enorme carinho que sempre senti por ti e o desgosto desmedido por teres partido definitivamente da minha vida, apenas suavizado por tão doces recordações

2009-03-30

A vingança dos cogumelos

Há tempos atrás, ao passearmos por uma zona da quinta que mandámos alcatroar logo após o grande incêndio de 2006, estranhámos ver umas elevações, tipo bolhas, que apareciam mais ou menos no meio desse caminho, parecendo ser acção das raízes dos pinheiros que se vêem ao lado.


Passámos a estar mais atentos e fomos seguindo a sua evolução. Primeiro aparecia o alcatrão estalado e com este aspecto:


Depois, passados poucos dias começava a elevar-se



Até que finalmente ao vermos a placa de cima afastada como se tivesse havido acção da mão de alguém, percebemos que a responsabilidade do ocorrido não eram as raízes dos jovens pinheiros, mas sim um fungo que finalmente mostrava o seu rosto


Lembrámo-nos então de uns cogumelos muito feios, com a forma de uma flor quase preta, de pétalas grossas que baptizámos como “Flor do Diabo” e que aparecia com alguma frequência na zona dos pinhais. No início tem este aspecto:


Depois fica parecido com a tal flor escura, cheia de esporos que se levantam com o vento

(Esta foto foi retirada da Net)


E com o tempo envelhece ficando com este aspecto


Quando as dúvidas recaem sobre cogumelos, pedimos ajuda ao
Manel que publicou o nosso problema no fórum:. http://cogumelosportugal.forum-livre.com/
Passado muito pouco tempo fomos informados que se tratava do cogumelo
Scleroderma polyrhizum

Disse-nos o Manuel: “Estes cogumelos são micorrízicos, ou seja, vivem em simbiose com as árvores. O micélio leva até à raiz da árvore nutrientes que de outra forma esta não conseguiria absorver (minerais) e vaí lá buscar (à arvore) a glicose que, por ser um fungo, não elabora a fotossíntese, logo não a consegue sintetizar. Essas estruturas miceliais são bastante grandes e podem durar até milhares de anos em alguns exemplares.
Quanto aos furadores de alcatrão, eles não são maus de todo, apesar do prejuízo que te causam. Estes cogumelos são considerados pioneiros. Ou seja, a sua função é preparar o terreno, para depois virem as espécies que nós gostamos de comer. É um sinal de saúde do terreno. A sua aparição é consistente com os pinheiros novos do lado direito da estrada”

Um dos participantes desse fórum publicou a notícia de um jornal da região de Zamora em Espanha (laopinióndezamora.es), que informa que a estrada que liga Valer de Aliste, Abejera de Tábara, Gallegos del Rio e Puercas, construída com um aglomerado especial de 10 cm de espessura, tendo em vista não necessitar de manutenção durante 10 anos e podendo suportar o peso de veículos até 16 toneladas, está a ficar parcialmente destruída pela acção dos Scleroderma polyrhizum
É incrível como um cogumelo que se desfaz facilmente nas nossas mãos, tenha a capacidade de levantar e afastar placas de alcatrão com esta espessura. Em Portugal são uma permanente dor de cabeça para o pessoal da JAE

A conclusão que se pode tirar deste fenómeno é que a culpa não pertence só aos cogumelos destruidores de estradas alcatroadas. Estas é que são cada vez mais invasivas, merecendo a reacção de uma Natureza sempre atenta.





2009-02-23

Uma pausa para conversar

Infelizmente os nossos trabalhos e preocupações aumentaram devido à doença do nosso caseiro que tem estado impossibilitado de nos dar o apoio costumeiro e por isso a nossa falta de tempo para prosseguirmos este blog.
O tempo chuvoso que se prolongou por muitas semanas foi muito bem vindo por ter ressuscitado pequenos veios de água que emergiram da terra dando-nos a alegria de tornar a ouvir pequenos riachos saltitando de pedra em pedra na descida em busca do rio.
Não sabemos ainda como orientar os imensos trabalhos do início da primavera que vão depender da saúde e disponibilidade dos nossos auxiliares. Mas, enquanto não arranjamos tempo para estar calmamente a preparar um tema para publicar neste blog, resolvemos ir dando algumas notícias deste cantinho.

Começamos por vos apresentar os novos residentes:

A Camila, uma Serra-da-Estrela bébé no dia em que a deixaram aqui

Ficámos muito preocupados porque sempre ouvimos dizer que são cães com um feitio muito independente e um bocado teimosos, sendo uma dor de cabeça durante a aprendizagem. Mas como é a primeira vez que convivemos com esta raça, vamos a ver o que nos sai na rifa :))

Na foto abaixo, agora com 3 meses já se consegue ver a sua preocupação em fazer uma boa guarda. Daqui a pouco tempo vai passar a dormir com o rebanho para se tornar numa protectora das ovelhas e principalmente dos borregos


O outro novo residente é o Tobias, um faisão prateado que tem o pomposo nome cientifico de Nycthemerus argentatus. Dizem que em cativeiro pode viver até 20 anos.


O Tobias quando está enervado ataca o tratador que já entra à defesa por saber que ele investe voando e com as patas para a frente. Mas o que mais nos diverte é um dos seus sons que consiste num gargalhar baixo e continuado que mais parece estar a gozar com todos nós

Aqui vai uma outra foto para mostrar a sua cabeça com um penteado todo moderno:


E por último o casal Afónico, sempre sorridente, de feitio calmo mas preocupados com a nova postura de Primavera, seguida de choco e evitando problemas com os gansos seus companheiros conhecidos pelo mau-feitio nesta altura do ano.



Depois de fazer esta necessária apresentação, vamos falar sobre a evolução de um dos presentes do Pai Natal:

Este ano fomos surpreendidos com 3 ofertas para produzirmos cogumelos comestíveis:
A primeira tratava-se de um saco coberto de plástico com a indicação de não lhe mexermos e apenas esperar que os cogumelos aparecessem. Passados poucos dias, apareceram 4 formações pequenas que cresciam visivelmente todos os dias até ficarem com este aspecto




São os Repolga - Pleurotus ostreatus que embora já devesssem ter sido colhidos antes de chegar a este ponto, poucas horas depois já estavam no prato...




... por terem sido passados num pouco de azeite onde se fritaram uns dentes de alho, acompanhados por couves-de Bruxelas salteadas e azeitonas da quinta. Falta o toque de cor da betterraba crua ralada, também temperada com um fio de azeite, alho picado e sumo de limão.

Como todos já sabem, o nosso contacto com cogumelos limita-se aos de lata ou congelados. Mas podem crer que foi uma enorme e agradável surpresa saborear o paladar destes (destas?) repolgas.

Ainda temos outro saco para fazer uma mistura e experimentar ter cogumelos em canteiros e ainda um outro tipo de cultivo que depois vamos fotografar os vários passos e que consiste em fazer vários furos com determinadas espessuras em troncos de carvalho e introduzir uma espécie de "buchas" cheias de esporos que são enfiadas nesses orifícios e depois esperar uns meses até aparecerem os cogumelos que neste caso serão os Flammulina velutipes e os Shitake, qualquer deles assustadores só de olhar para as fotos :))

E por último vou falar de uma tarefa que neste caso foi de minha autoria para aproveitar os dias de chuva. Estava perante uns sacos cheios de peúgas a já não merecerem o tempo que seria necessário para cobrir os inúmeros buracos com linhas que os disfarçassem. Poderia simplesmente agarrar naquilo tudo e enviar para o lixo mas de repente ocorreu-me uma forma divertida de reciclar.

Com uma tesoura abri a peúga de alto a baixo dos dois lados, formando uma tira comprida, estreita e só com uma face e depois dei um ponto ou dois para a ligar à meia seguinte também aberta e assim fui fazendo um longo “fio” de meias que fui enrolando, e passado pouco tempo já fazia tiras de camisas velhas e outros trapos:

A seguir imaginei que os meus dedos fariam o trabalho de uma agulha grande de crochet e fui passando o “fio” como se se tratasse de uma renda gigante. Ficou um tapete engraçado:




E fiz mais uma série deles, rectangulares e ovais que pus nas camas dos meus cães. Ficam pesados e a maior vantagem que têm é quando nos cansarmos deles poder dar-lhes sumiço e fazer outros novos. O trabalho mais aborrecido é abrir as peúgas e ligá-las porque depois o tapete faz-se num abrir e fechar de olhos.

E vamos terminar prometendo publicar outro post em breve.

Um abraço e um muito obrigado a todos os amigos que nos escreveram preocupados com o nosso silêncio